quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

A GRAÇA DOS DIMINUITIVOS

Divirta-se com mais um texto de Luis Fernando Veríssimo, que fala dos diversos usos dos diminutivos numa língua.
 
DIMINUITIVOS
 
Sempre pensei que ninguém batia o brasileiro no uso do diminutivo, essa nossa mania de reduzir tudo à mínima dimensão, seja um cafezinho, um cineminha ou uma vidinha. Só o que varia é a inflexão da voz. Se alguém diz, por exemplo, “Ó, vidinha!” você sabe que ele está se referindo a uma vida com todas as mordomias. Nem é uma vida, é um comercial de cigarro com longa metragem. Um vidão. Mas se disser “Ah vidinha...”o coitado está se queixando dela e com toda razão. Há anos que seu único divertimento é tirar sapatos e fazer xixi. Mas nos dois casos o diminutivo é usado com o mesmo carinho.
 O francês tem o seu “tout petit peu”, que não é um diminutivo, é um exagero. Um “pouco todo pequeno” é muita explicação para tão pouco. Os mexicanos usam o “poco”, o “poquito” e – menos ainda que o “poquito” – o “poquetin”! Mas ninguém bate o brasileiro.

Era o que eu pensava até o dia, na Itália, em que ouvi alguém dizer que alguma coisa duraria um “mezzoretto”. Não sei se a grafia é essa mesma, mas um povo que consegue, numa palavra, reduzir uma meia hora de tamanho- e você não tem nenhuma dúvida de que um “mezzoretto” dura os mesmo trinta minutos de uma meia hora convencional, mas passa muito depressa – é invencível em matéria de diminutivo.
 O diminutivo é uma maneira ao mesmo tempo afetuosa e precavida de usar  a linguagem. Afetuosa porque geralmente o usamos para designar o que é agradável, aquelas coisas tão afáveis que se deixam diminuir sem perder o sentido. E precavida porque também o usamos para desarmar certas palavras que, na sua forma original, são ameaçadoras demais.
“Operação”, por exemplo. É uma palavra assustadora. Pior do que “intervenção cirúrgica”, porque promete uma intervenção muito mais radical nos intestinos. Uma “operação” certamente durará horas e os resultados são incertos. Suas chances de sobreviver a uma operação... sei não. Melhor se preparar para o pior.
Já uma “operaçãozinha” é uma mera formalidade. Anestesia local e duas aspirinas depois. Uma coisa tão banal que quase dispensa a presença do paciente.
- Alõ, doutor? Olha, aquele meu quisto no braço direito que nós íamos tirar hoje? A operaçãozinha?
- Sim.
- Não vou poder ir, mas o Asdrúbal vai no meu lugar.
- O Asdrúbal?
 - Meu assistente direto aqui na firma. Homem de confiança.
- Ele é o meu braço direito, doutor.
Se alguém disser que precisa ter uma “conversa” com você, cuidado. É coisa da maior importância. Os próprios destinos do Pacto do Atlântico podem está em jogo. Uma “conversa” é sempre com hora marcada.
Já uma “conversinha” raramente passa do nível da mais cândida inconseqüência. E geralmente é fofoca. A hora para uma “conversinha” é sempre qualquer hora dessas. Num “jogo” você arrisca tudo, até a hora. Num “joguinho” aceita-se até o chegue frio.
Entre ter um “caso” e um “casinho” a diferença, às vezes, é a tragédia passional.
No Brasil, usa-se o diminutivo principalmente em relação à comida. Nada nos desperta sentimentos tão carinhosos quanto uma boa comidinha.
- Mais um feijãozinho?
O feijãozinho passou dois dias borbulhando num daqueles caldeirões de antropófagos com capacidades para três missionários. Leva porcos inteiros, todos os miúdos e temperos conhecidos e, parece, um missionário. Mas a dona-de-casa o trata como um mingau de todos os dias.
- Mas um feijãozinho?
- Um porquinho?
- E uma farofinha?
- Ao lado do arrozinho?
- Isso.
- E quem sabe mais uma cervejinha?
- Obrigadinho
O diminutivo é também uma forma de disfarçar o nosso entusiasmo pelas grandes porções. E tem um efeito psicológico inegável. Você pode passar horas tomando “cervejinha” em cima de “cervejinha” sem nenhum dos efeitos que sofreria depois de apenas duas cervejas.
E agora, um docinho.
E surge um tacho de Ambrosina que é um porta-aviões.


LUIS FERNANDO VERISSIMO, “DIMINUTIVOS”. IN:
CARNEIRO, AGOSTINHO DIAS, FARIAS, ANTONIO S. ROSA. TEXTOS: COMPREENSÃO, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO.
RIO DE JANEIRO: AO LIVRO TÉCNICO: 1986. P. 37-9.



Questionamento:

 
           ·Promova uma discursão sobre o trecho abaixo:

 

         “O diminutivo é uma maneira ao mesmo tempo afetuosa e precavida de usar a linguagem. Afetuosa porque geralmente o usamos para designar o que é agradável, aquelas coisas tão afável que deixam diminuir sem perder o sentido. E precavida porque também o usamos para desarmar certas palavras que, na sua forma original, são ameaçadoras demais".





quinta-feira, 3 de novembro de 2016

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QUATRO PILARES PARA UMA BOA APRENDIZAGEM LITERÁRIA

Com a globalização foram divulgados os pilares da educação e vem modificando, no Brasil sobrevive mais como intenções do que como meta e enfoque. Os pilares são:
1)    Ensinar a conhecer o que se está lendo:
 O ensino não é central, mas condição de fazer do assunto uma oportunidade para o aluno utilizá-lo e interagir com a natureza da leitura, onde conhecimento  está presente ontem e hoje.
2)    Ensinar a construir um texto literário:
 Deve-se saber o que vai construir para isso escolher um tema é importante, e fazer com o que se aprende uma construção literária é um objetivo, por isso deve-se mostrar ao aluno como aplicar o que  aprendeu , onde  utilizar os saberes e as descobertas do mundo que se olha e se convive.
3)Ensinar a compartilhar e dividir com os outros:
 A família existe por causa do compartilhar descobertas, a comunidade surge a partir do relacionamento e dessa interação e daí vem a nação que só será possível com este ciclo de compartilhamentos por isso  ensinar ao aluno como construir essa união que tem fracassos e sucessos  e que ele deve está pronto para enfrenta-los , para isso os tais devem ser analisadas a luz da construção coletiva.
3)    Ensinar a ser e não somente ter:
     O professor deve levar o aluno a fazer descobertas e sua individualidade deve ser observada conhecendo o bem de si mesmo  para tanto o nível de entendimento  leva-o a  valorizar mais o aprender a ser e não tanto o ter.
Estes são os quatro pilares da aprendizagem na educação que se integram e se complementam.